INTERVENÇÃO CÍVICA EM DEFESA DO PATRIMÓNIO

A ASPA criou este blogue em 2012, quando comemorou 35 anos de intervenção cívica.
Em janeiro de 2023 comemorou 46 anos de intervenção.
Numa cidade em que as intervenções livres dos cidadãos foram, durante anos, ignoradas, hostilizadas ou mesmo reprimidas, a ASPA, contra ventos e marés, sempre demonstrou, no terreno, que é verdadeiramente uma instituição de utilidade pública.
Numa época em que poucos perseguem utopias, não queremos descrer da presente e desistir do futuro, porque acreditamos que a cidade ideal, "sem muros nem ameias", ainda é possível.

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

"A FLORESTA EM PORTUGAL: um apelo à inquietação cívica"

Em “A Floresta em Portugal: um apelo à inquietação cívica”, Vitor Louro, coloca-nos uma série de desafios  à reflexão centrada na floresta portuguesa. 
Vitor Louro nasceu em Braga em 1945 e é Engenheiro Silvicultor, formado pelo Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa (1971).
Fez carreira profissional na Administração Pública (Direcção-Geral das Florestas) e liderou o Plano de Acção Nacional de Combate à Desertificação.
Foi secretário de Estado da Estruturação Agrária (1976) e deputado à Assembleia da República de 1976 a 1980.
Conduziu numerosos processos envolvendo agentes económicos e políticos e é autor de variados trabalhos publicados, de natureza técnica, e de artigos de opinião.
O autor coloca uma série de desafios à reflexão centrada na floresta portuguesa e oferece-nos o conhecimento técnico necessário ao entendimento da realidade, propondo-nos, sobretudo, outras visões das mesmas realidades. 
Deseja-se que, este livro, resulte num reforço do poder da sociedade na relação com o Poder político, mas também num reforço da consciência dos proprietários e demais agentes (industriais, prestadores de serviços, técnicos, políticos, ...).

A sessão de lançamento do livro  “A Floresta em Portugal: um apelo à inquietação cívica”  será no dia 20 de outubro, às 18h00, no Museu Nogueira da Silva.
O livro será apresentado por Álvaro Domingues,  Geógrafo e Professor na Faculdade de Arquitectura do Porto.
Participe!
Sobre este tema várias questões se colocam:

  • Braga é um concelho onde a  floresta (incluindo pinhais e eucaliptais) é visível em todas as freguesias. Será que  a generalidade dos bracarenses reconhece as várias potencialidades deste recurso natural?
  • Os proprietários de pequenas parcelas de floresta terão conhecimentos que lhes permitam tomar decisões rentáveis  e sustentáveis relativamente aos terrenos que possuem? 
  • As decisões políticas relativas a matas e florestas terão como suporte o conhecimento científico e técnico? 
  • Quais os problemas que  a floresta apresenta hoje em dia, em especial no norte de Portugal? A que se devem?
  • Que soluções existem para tornar a floresta suporte de vida selvagem, rentável, promotora do combate às alterações climáticas e, ainda, evitar o risco de incêndio?
  • Qual o papel dos municípios no incentivo à valorização da floresta, assumindo-a como um recurso essencial à minimização das alterações climáticas e, também, pelas potencialidades que apresenta para o desenvolvimento económico da região? 
  • A responsabilidade relativamente à floresta deve ser partilhada com os municípios, ou única e simplesmente, atribuída aos proprietários florestais?

"A FLORESTA EM PORTUGAL: um apelo à inquietação cívica"

Em “A Floresta em Portugal: um apelo à inquietação cívica”, Vitor Louro, coloca-nos uma série de desafios  à reflexão centrada na floresta portuguesa. 
Vitor Louro nasceu em Braga em 1945 e é Engenheiro Silvicultor, formado pelo Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa (1971).
Fez carreira profissional na Administração Pública (Direcção-Geral das Florestas) e liderou o Plano de Acção Nacional de Combate à Desertificação.
Foi secretário de Estado da Estruturação Agrária (1976) e deputado à Assembleia da República de 1976 a 1980.
Conduziu numerosos processos envolvendo agentes económicos e políticos e é autor de variados trabalhos publicados, de natureza técnica, e de artigos de opinião.
O autor coloca uma série de desafios à reflexão centrada na floresta portuguesa e oferece-nos o conhecimento técnico necessário ao entendimento da realidade, propondo-nos, sobretudo, outras visões das mesmas realidades. 
Deseja-se que, este livro, resulte num reforço do poder da sociedade na relação com o Poder político, mas também num reforço da consciência dos proprietários e demais agentes (industriais, prestadores de serviços, técnicos, políticos, ...).

A sessão de lançamento do livro  “A Floresta em Portugal: um apelo à inquietação cívica”  será no dia 20 de outubro, às 18h00, no Museu Nogueira da Silva.
O livro será apresentado por Álvaro Domingues,  Geógrafo e Professor na Faculdade de Arquitectura do Porto.
Participe!
Sobre este tema várias questões se colocam:

  • Apesar de Braga ser um concelho onde a  floresta (incluindo pinhais e eucaliptais), é visível de todas as freguesias, será que  a generalidade dos bracarenses reconhece as várias potencialidades deste recurso natural?
  • Os proprietários de pequenas parcelas de floresta terão conhecimentos que lhes permitam tomar decisões rentáveis  e sustentáveis relativamente aos terrenos que possuem? 
  • As decisões políticas relativas a matas e florestas terão como suporte o conhecimento científico e técnico? 
  • Quais os problemas que  a floresta apresenta hoje em dia, em especial no norte de Portugal? A que se devem?
  • Que soluções existem para tornar a floresta suporte de vida selvagem, rentável, promotora do combate às alterações climáticas e, ainda, evitar o risco de incêndio?
  • Qual o papel dos municípios no incentivo à valorização da floresta, assumindo-a como um recurso essencial à minimização das alterações climáticas e, também, pelas potencialidades que apresenta para o desenvolvimento económico da região? 
  • A responsabilidade relativamente à floresta deve ser partilhada com os municípios, ou única e simplesmente, atribuída aos proprietários florestais?

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

ENTRE ASPAS "D Diogo de Sousa: da cidade medieval à urbe aberta"

D. Diogo de Sousa, tomando como palco central a cidade de Braga, marca a transição da cidade medieval, cintada nos seus limites feudais e no alcance imediato da sua catedral, para uma urbe aberta, interdependente com o seu território envolvente e com o mundo. 

Este é o 9º texto da série "Aprender História Descobrindo a Cidade".

Diário do Minho - 19 set 2016
Há dezasseis anos, aquando das comemorações do bimilenário da cidade de Braga (2000) evocando D. Diogo de Sousa (1461-1532), por indisponibilidade daquele que continua a ser o seu principal referente de conhecimento, o Professor Avelino Jesus da Costa, fomos convocados a refletir sobre a figura e a obra do arcebispo. De imediato concluímos que D. Diogo mobilizava a “convergência de mentalidades, de saberes e de desígnios que ultrapassam os comedimentos evocativos da memória individual e recriam ainda, com oportuno motivo, o tema de uma lição sempre actual”. A sua figura representa hoje um dos mitos maiores de vasta galeria de antístites que governou espiritual e secularmente a cidade. Uma personalidade mundividente, fértil de relações e de acontecimentos, que garante o referencial de uma época, mais do que um pretexto que não passa indiferente ao investigador ou escolar, que se possa omitir em guia turístico ou reportagem jornalística. D. Diogo de Sousa é o ponto de partida e de chegada do conhecimento e da compreensão do Renascimento em Braga.
É verdade que Braga, na viragem do século XV para o XVI e no contexto do noroeste peninsular, tinha perdido o protagonismo demográfico para outras cidades litorais, que prosperavam das viagens marítimas de longo curso e dos contactos distantes, conservando contudo a herança romana de se constituir como um polo religioso e temporal de um vasto território, o mesmo que hoje, excluído o Douro vestibular, corresponderia ao Norte de Portugal. Para além da atávica expressão de cerca 5 mil habitantes citadinos, confirmados pela famosa vista de Braun (1594), a prelatura de D. Diogo (1505-32) vem relançar o seu principal potencial, isto é, o poder da sua atracção simbólica, emanado da longa história, no plano espiritual e administrativo; e na prolixidade e difusão das suas gentes pelo mundo.
 D. Diogo traz consigo uma nova atitude, um diferente modo de estar, que resulta do seu altruísmo de príncipe, da sua erudição e cosmopolitismo, aos quais não é estranha a condição de cortesão e figura próxima dos reis D. João II (1481-95) e D. Manuel (1495-1521). Estudou em Évora; Lisboa, então o cais da Europa; Salamanca; Paris. Relacionou-se com alguns dos mais reputados humanistas, como Henrique Caiado; Cataldo Sículo e André de Resende. Integra as embaixadas ao Papa por designação dos mesmos monarcas, onde toma contacto directo com a matriz e o grande teatro do Renascimento, designadamente, as grandes obras urbanas de Roma e Florença.
O arcebispo, tomando como palco central a cidade de Braga, marca a transição da cidade medieval, cintada nos seus limites feudais e no alcance imediato da sua catedral, para uma urbe aberta, interdependente com o seu território envolvente e com o mundo. Um dos seus legados mais perenes será, naturalmente, o mecenato urbanístico, pelo que ainda hoje não é possível compreender a individualidade do centro histórico de Braga sem conhecer a sua obra. Como nos diria Lewis Mumford (1960), esta situar-se-á na transição do localismo feudal com o centralismo expansivo, entre a omnipresença de Deus e da sua Igreja e o centralismo absoluto da construção do estado moderno. Perante a subsistência dos traços antecedentes do tecido urbano começa então a implantar-se a antevisão ordenadora da disciplina e da ordem urbana, de algum modo, abrindo portas à aplicação dos princípios vitruvianos: firmitas, utilitas, venustas (firmeza, utilidade e beleza).
A expressão com maior alcance da sua obra inscreve-se, pois, ao nível da infraestrutura urbana, naquilo que hoje em dia se designaria de obras públicas. Note-se, a expensas próprias e das rendas da mitra, D. Diogo encetou uma política de mecenato que não tem qualquer paralelo na história conhecida de Braga. Veja-se a abertura e a rectificação de vias e praças, os novos equipamentos colectivos, e reforma dos existentes, passando pelo abastecimento de água à cidade e o arranjo do espaço público. Entre as mais estruturantes, que ainda hoje desempenham um papel crucial na cidade, salientaríamos a abertura da rua Nova, que muito justamente detém o seu nome, sendo ampla e rectilínea de acordo com o padrão da época. Esta via está associada também a um novo rasgamento na muralha (arco da porta nova, 1512), com a finalidade de melhorar o sistema de comunicação rodado entre os pontos principais da cidade e articular os mercados existentes em três pequenas praças do intramuros. Neste contexto, surgiriam outras intervenções do mesmo tipo, como a rua de São João, a partir das traseiras da Sé, a actual rua do Cabido, etc. Também promoverá o alargamento e a rectificação de outros espaços viários existentes, como a antiga rua nova (hoje tramo norte da Frei Brandão), a praceta fronteira à catedral, bem como no seu enfiamento, e a rua de Maximinos (hoje troço da D. Paio Mendes). Todavia, dentro do mesmo doutrinário renascentista, não seria de menor importância o estabelecimento de um anel de Campos, exterior à muralha medieval, dando origem àquelas que hoje são as principais praças de Braga (ex. av. Central/praça da República; campo da Vinha; Hortas; Largo Carlos Amarante, etc…). Também, e ainda no plano das infraestruturas, D. Diogo promoveu a reestruturação do sistema de abastecimento de águas à cidade de Braga. Dotando a cidade com uma nova rede de fontanários, melhorando e reformando os pontos de captação e distribuição existentes, levando a linfa mais longe e em melhor qualidade (ex. a fonte de Sousa; dos Granjinhos; da Cónega; Nª Sª a Branca; etc.).
(continua)

Miguel Bandeira

                                                                                                                                                                    

Para saber mais:




ENTRE ASPAS "D Diogo de Sousa: da cidade medieval à urbe aberta"

D. Diogo de Sousa, tomando como palco central a cidade de Braga, marca a transição da cidade medieval, cintada nos seus limites feudais e no alcance imediato da sua catedral, para uma urbe aberta, interdependente com o seu território envolvente e com o mundo. 
Diário do Minho - 19 set 2016
Este é o 9º texto da série "Aprender História Descobrindo a Cidade".

Para saber mais: